domingo, 14 de agosto de 2011

A linguagem indispensável e urgente


Eles roubam tudo...

Roubar é a sua profissão: eles roubam, roubam, roubam...

Roubam todos os dias e a todas as horas; roubam nos dias úteis e nos dias inúteis; roubam nos domingos, nos feriados e nos dias santos; roubam enquanto dormem e roubam quando estão acordados.

Eles roubam, encapotados, congelando salários e reformas, e roubam, sem máscara, subsídios de Natal a trabalhadores e reformados.

Eles roubam, à mão armada, o direito ao emprego aos jovens e roubam, a tiro, aos idosos, o direito à dignidade, condenando-os a reformas de miséria.

Eles roubam, em quadrilha, o direito ao pão a milhões e, sempre em quadrilha, concedem-lhes o direito à caridadezinha ultrajante e anti-humana.

Eles roubam direitos laborais e roubam direitos humanos fundamentais aos cidadãos.

Eles roubam serviços públicos essenciais, roubam o direito à saúde, à educação, à habitação – e roubam o direito à felicidade.

Eles roubam, roubam, roubam...

Eles roubam aos que trabalham e vivem do seu trabalho.

Eles roubam aos que trabalharam e ganharam, com trabalho, o direito a uma velhice digna.

Eles roubam o emprego aos que querem trabalhar, pondo-lhes à frente espessos muros.

Eles roubam, roubam, roubam...

Eles roubam ao País a sua independência e, rastejantes, levam o roubo à boca dos grandes e poderosos da Europa e do mundo, aos quais lambem as mãos.

Eles roubam Abril – a democracia, a liberdade, a justiça social, a soberania nacional, a Constituição, o futuro – e semeiam sementes do passado que Abril venceu.

Eles roubam, roubam, roubam...

Roubar é a sua profissão.

E, quais robins dos bosques de patas para o ar, roubam aos pobres para dar aos ricos – e enchem, com o roubo, os cofres das grandes famílias, dos exploradores, dos vampiros parasitas.

E se alguém se engana com o seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada, eles roubam tudo e não deixam nada.

E poisam em toda a parte: poisam no governo e na presidência da República; poisam nas administrações das grandes empresas públicas e privadas; poisam nos bancos falidos fraudulentamente e nos bancos que, fraudulentamente, levam à falência as pequenas e médias empresas.

Poisam nos prédios, poisam nas calçadas...

A luta os vencerá.


José Casanova

Avante! 11/8/2011

2 comentários:

Maria disse...

Como diria Ary, há que chamar as coisas pelo nome que elas são.
E eles, os vampiros, estão de volta. E cada vez mais as palavras são armas...

trepadeira disse...

Lutar e vencer,antes que nos roubem a vida.

Um abraço,
mário