quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A crise purificadora

«Penso que esta crise será purificadora e não destruidora. Se tivermos líderes com discernimento, intelectuais com paixão, para perceberem e intuírem as grandes mudanças que não são dos mercados...», disse D. José Policarpo. Recados vindos dos céus ou dos bancos do Vaticano ou por eles controlados. E são muitos.

Em 2012, em juros, Portugal vai pagar 9 mil milhões de euros, mais do que o proposto para a saúde. O que se pode considerar como um esbulho purificador perpetrado pelos mercados, eufemismo de bancos e do capital assassino.

A purificação pelo filtro da miséria e do sofrimento, encontramo-la em todas as cartilhas onde D. Policarpo bebe a lenga-lenga clerical para consumo caseiro.

«Ás vezes é importante chorar. Seria o caso de oferecer lenços para enxugar as lágrimas. Pode ser uma crise purificadora. Há alguma coisa morrendo ou se purificando dentro do outro. Pode-se dizer queum itinerário para Deus, através da via das decepções

in Espiritualidade da Paixão

Entretanto, estes nababos ricamente vestidos, comidos e bebidos, apresentam-se-nos, assim, como se fossem para os festejos carnavalescos.

A cruz e o petróleo num complexo imbróglio

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Fome de justiça.

A banalização da fome

Quando não é possível esconder o “fenómeno” há que o banalizar para que possa ser aceite como natural. Se em África o genocídio atinge proporções superiores aos perpetrados nos campos de Auschwitz, e de tão difundido o “fenómeno” deixou de impressionar as almas mais sensíveis, muito mais facilmente se banalizará a fome envergonhada que se esconde nos lares de milhares de trabalhadores em Portugal.

Publicita-se que o “Bancoalimentar contra a fome” angariou 3 mil toneladas de alimentos. Ainda bem! Não se publicita é quanto abicharam o governo e as grandes superfícies à porta das quais esses produtos são recolhidos. Nem a ignomínia de trabalhadores e pensionistas terem de mendigar por interpostas pessoas.

estudantes que passam fome, denunciam os mídia. E os familiares desses estudantes vivem na abastança?

Convido-vos a participar no Bancoalimentar contra a fome de justiça.

É uma entidade que os pobres podem alimentar, um organismo que nos rodeia e se nos depara a cada passo. Não vive de esmolas, nutre-se de dignidade e fervor posto na luta pelos direitos que os trabalhadores conquistaram, e que estão a ser usurpados pela escumalha que há 35 anos nos agride.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Marcelo ou marcelista?


Calçava o fascismo botas bem cardadas – estes usam ténis de marcaquando os trabalhadores do Estado foram contemplados com um aumento salarial ridículo. Para denunciar esse insulto, alguém se lembrou de pagar a um anão analfabeto, (aproveitamento que não subscrevo) para se passear pela baixa de Lisboa ensanduichado entre duas placashomem sanduíchecom a seguinte inscrição:

Eu sou o aumento”.

O ridículo não tem limites mas, não faltam por anõesque embora letrados se pavoneiam pelas televisões e jornais, ditos de referência, feitoshomens sanduícheque publicitam mensagens ao serviço de quem melhor lhes paga.

O Marcelo, sabe tudo. Afilhado do Marcelo das “conversas em família”, com outro estilo mas com os mesmos desígnios, veio perorar sobre a Greve Geral.

- A Greve Geral, não foi geral. E se a Greve Geral não foi geral, a Greve Geral não o foi. E dá como apoio à sua tese, que havia Snack-bares abertos assim como outros estabelecimentos, e confirmando o seu douto raciocínio, - este Marcelo tal como o outro também é catedrático, - eu dir-lhe-ei que os engraxadores e os vendedores de castanhas assim como alguns mendigos, também não fizeram greve.

Mais disse o marcelista: "obviamente, não fez greve, e os meus alunos também não". É evidente que os alunos não temeram qualquer retaliação. Não fizeram greve, logo, a greve não foi geral.

O douto Marcelo que não se envaideça, esse foi o mote glosado à exaustão pelos Marcelos e marcelistas da nossa praça.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

GREVE GERAL, E DEPOIS?

Da greve, importante arma na luta de classes, não se pode esperar o retorno imediato do esforço despendido. Não somos comandados pelo Santo Condestável absorto em orações, nem tampouco nos arrastamos no Santuário de Fátima rogando a solução dos nossos graves problemas.

A greve é um cerrar de fileiras, prova de esforço, aprofundar de consciências e, não o esperar domesticado assente em crenças ou mesinhas.

E eles sabem, são tudo menos estúpidos, pois que se o fossem, não manejavam argumentos que cavam fundo nos ideologicamente menos protegidos. Há um exército de sábios e doutores em politologia, economistas, sociólogos especialistas em ampliar a escuridão, ao serviço dos agiotas que nos arrastam para a mendicidade tão ao gosto das boas almas que nos exploram.

A Greve Geral foi de tal maneira grande que os mídia não a puderam ignorar. «PS, PSD e CDS compreendem o descontentamento» e os seus porta-vozes em todos os meios de intoxicação social, repetem à exaustão, que os trabalhadores têm razão mas o país está em maus lençóis e o momento não é o mais adequado para lhe fazer a cama.

A tónica dos sábios e doutores recai sobre a inutilidade deste esforço individual e colectivo. Todas as notícias vêm armadilhadas, fugindo às razões que motivaram o clamor dos que sofrem com esta política assassina. Noticiam que os “indignados” atacaram a Assembleia com garrafas de cerveja. Indignados andamos todos nós mas não fazemos da indignação um espectáculo que chame sobre nós a atenção e os projectores dos mídia. Eles sabem que nós levedamos o nosso mal-estar para o fortalecer e avolumar e nunca avançamos sem uma retaguarda forte e organizada. Eles sabem que o nosso céu é a terra firme em que assentamos um querer robusto onde se afirmam valores universais.

Eles sabem e não nos perdoam.