segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eugénio de Andrade


 [19 de Janeiro de 1923 -- 13 de Junho de 2005]
Eugénio de Andrade

Soubesse eu poetizar como tu e pediria a todas as musas que me ajudassem na feitura do poema que mereces e nunca saberei construir.

te posso oferecer a gratidão que sinto pela beleza que nos doaste.

A grandeza da homenagem por ti prestada a um herói eleva ainda mais a tua enorme estatura.

O Comum da Terra
(a
Vasco Gonçalves)

Nesses
dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da
cal a crispação da sombra caminha devagar.
De
tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram
ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a
terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.

14 de
Maio de 1976

EUGÉNIO DE ANDRADE

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