sexta-feira, 31 de agosto de 2012

EU SEI ONDE ESTÃO

 As construtoras desapareceram, vejam … sumiram, esconderam-se, extraviaram-se, perderam-nas de vista. Mais que eufemismo manhoso é a técnica sofisticada do embuste, o aveludar de um terrível acontecimento, o jornalismo a tentar apagar o fogo social.Inicialmente fiquei preocupado, não desaparecem centenas de construtoras, assim de um momento para o outro, sem dar cavaco a Cavaco. Continuei a folhear o pasquim, e, a páginas tantas, recuperei a tranquilidade. Tinha chegado à Terra uma mensagem vinda de Marte e, como qualquer aprendiz de detective, estabeleci uma relação entre a marciana mensagem e a fotografia do planeta vermelho, Dir-se-ia que as troikas por haviam passado, nem uma casa. O caos. De imediato conclui, após um desgastante esforço intelectual, tásse memo a ver, que a mensagem fora dirigida aos construtores e que estes aproveitaram o convite e tinham emigrado para o planeta vermelho onde tudo estava por fazer.




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Alô, Alô, Marciano


Alô, alô, marciano
Aqui
quem fala é da Terra
Pra
variar estamos em guerra
Você
não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down o high society

Down, down, down
O high society

Alô, alô, marciano
A crise tá virando zona
Cada
um por si todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down o high society

Down, down, down
O high society

Alô, alô, marciano
A coisa tá ficando ruça
Muita
patrulha, muita bagunça
O muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá pra atola Alá
Tá cada vez mais down o high society

Down, down, down
O high society

Alô, alô, marciano
Aqui
quem fala é da Terra
Pra
variar estamos em guerra
Você
não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down o high society

Down, down, down
O high society


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

COITADINHO DO CARTEIRISTA!


Humilde homenagem ao carteirista que foi buscar à carteira de Albert Jaeger, residente em Lisboa desde outubro ao serviço do FMI, um grão de areia do quanto nos tem extorquido.
 
Albert Jaeger


O dinheiro deveria ser como os alhos: com o tempo ficam chochos, não se podem guardar.


O pobre carteirista encartado, ainda teve ilusões quando lhe encheram os ouvidos com os 300 milhões de clientes. Foi com este palavreado que Soares engodou os pacóvios encafuando-os na paradisíaca CEE.

É certo que para outros gatunos abriram-se novas perspectivas com o Mercado Único e a livre circulação de capitais; mas para um modesto artesão madrugador, que arrisca o pêlo na confusão dos transportes públicos sem conseguir mais que um porta-moedas com alguns escassos cobres que mal dão para o tabaco, 300 milhões de clientes é muito milhão!

Profissão de grande desgaste, especialização e alto risco, nunca soube que algum destes profissionais tivesse enriquecido, tão pouco houve conhecimento que lhes tivessem dado acesso a qualquer curso de especialização que lhes permitisse chegar aos off-shores, mais conhecidos, vejam bem, por paraísos fiscais.

Em suma, o pilha-galinhas, o carteirista ou o pilharete continuam como qualquer um de nós: preocupados com o futuro.

Bom, bom está para a fina-flor do entulho, os bicheiros, os patrões dos jogos de influências, mágicos da corrupção, gente bem que esmifra gente de bem...

Bem cheirosos, bem nutridos, bem-dispostos, bem-parecidos (melhor seria se desaparecidos); com fotos nas colunas sociais ou policiais, é pouca a diferença; gentaça condecorada com todas as "Ordens" e desordens do espúrio; Conselheiros de Estado, gestores na área do arrecado apadrinhados por Belém; ministros e ex-ministros sinistros mergulhados em escândalos viscosos, gestores de empórios para os quais fabricaram leis e contractos que reverteram em seu beneficio. E os media que deles vivem ou a que pertencem não os tratam de escória ou lixo porque não sabem onde começa ou acaba a influência da quadrilha.

Quem os conhece bem é o Padre Manuel da Costa, retratando-os, melhor, radiografando-os, na sua celebre "ARTE DE FURTAR". Diz-nos, o Padre Manuel, que nunca ninguém se queixou que o dinheiro lhe pegasse doença a não ser "fome de lhe darem mais", concluindo subtil e sublime destarte:

«DONDO COLHO QUE NAÕ HE BOM O DINHEIRO PARA PAÕ; QUE SE FORA PAÕ, NUNCA HOUVERA DE MATAR A FOME»

Qual será o honesto carteirista que se não sente frustrado, confrontado com tantos mil milhões, sabendo que o bando continua em actividade.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

TÃO DURÃO!


Quem havéra de dizer!... Um moçoilo de semblante tão mimoso ter virado um durão. para mim esta metamorfose se poderia ter dado devido às más companhias ou com a vinda da troika, de tanto se vergar doerem-lhe as cruzes.
Se tivesse optado pela carreira eclesiástica, podia também ter chegado a ministro de outra congregação, continuando a ser o mesmo traste, exigindo resignação para iguais sacrifícios, mas com outra postura e ladainha de embalar. Não gosto de o ver assim, e, um destes dias, vou escrever ao pai que é médico, e até escreveu um livro, para lhe desafivelar aquele ar maldoso. Não gosto de o ver assim, prontos! Desde que arranjou este emprego nunca mais o vi sorrir, nem mesmo quando tem muitos trabalhadores à sua espera com bandeiras pretas e vermelhas, megafones, punho erguido e slogans de enternecer. Uma festa! Está visto que o homem não gosta de festas ao ar livre, ao ponto de ter transladado a festinha do Pontal para um salão onde couberam todos. Aparece sempre com guarda-costas, sem guarda-chuvas, atento como um guarda-redes e desconfiado como um guarda-republicano ou um marido a abrir o guarda-roupa. É certo que com o séquito ministerial que lhe impingiram não pode andar com outra cara, por esse lado até lhe perdoo a fachada fechada que apresenta.

Não é vulgar ver um malfeitor a sorrir.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Os canibais


“Se me deixarem assumir o controlo dos jornais, da rádio, da indústria do cinema e talvez de mais meios de difusão cultural, garanto-lhe que em poucos anos faço das pessoas canibais! (Robert Musil [1880-1942] – O Homem sem qualidades)

«O economista e consultor do governo para as privatizações António Borges admitiu que a RTP1 poderá ser concessionada a investidores privados e que a RTP2 poderá ser encerrada.»

António Borges, prestigiado catedrático nas mais famosas universidades de antropofagia, entre 2000 e 2008 foi Vice-Presidente do Conselho de Administração do Banco Goldman Sachs. Consultor do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, e em 2010 director do Departamento Europeu do FMI.

sábado, 25 de agosto de 2012

Acabou-se a paciência !



Lamentam-se como se nada tivessem a ver com o que se está passando.

É bom, direi mesmo, é indispensável relembrar, que os PS/PSD/CDS que transformaram este país numa vacaria onde os grandes mamam à tripa forra deixando-nos as bostas e as moscas, foram colocados por alguém ao leme desta carcaça em que iremos soçobrar se não combatermos o “sistema”. Gente que se “enganou” por várias vezes pensando que, tal como os acidentes nas estradas, o mal viria para os outros.

Os funcionários públicos, na sua maioria votaram em quem? Qual tem sido a opção política da medíocre classe média onde pululam as profissões liberais? Os pequenos e médios comerciantes, industriais e agricultores ao assistirem às manifestações de trabalhadores, que exigiam condições de trabalho e salários dignos, rosnavam um “vai trabalhar malandro”. Lembram-se de como gozavam com os alentejanos e a reforma agrária? Alguma vez se solidarizaram com os operários da Lisnave e de outras grandes empresas? E esqueceram os aplausos ao seboso Soares quando este nos encafuou na CEE?

Deixemos-nos de paternalismos, desculpando os que deram cobertura a toda esta escumalha, que abocanhou todo o nosso património.

Gente com formação, tida como esclarecida e que até se crê culta, com filhotes de canudo, os sô-tores da mula russa, hoje no desemprego vivendo à custa dos progenitores ou obrigados a emigrar para sobreviverem.

Se lhes falávamos em Marx deixavam cair um sorriso desdenhoso. Fizeram eco do que de mais reaccionária saía das trombetas e das trombas dos fascistas que deles se aproveitaram para regressar à governança. Difundiam entre risadas os títulos das primeiras páginas do pasquim A RUA que repetia à exaustão que Vasco Gonçalves era maluco.

Lembram-se, pobres diabos, hoje falidos, sujeitos a recorrer a estratagemas e muitos incapazes de fazer face às necessidades mínimas de nutrição.

Não me regozijo, não! Lamento-vos e fico preocupado porque a refrega ainda não atingiu o ‘alerta laranja’. Se continuarem obtusos como até aqui, se nem com o mal que a todos afecta conseguirem compreender quem são os causadores do que nos está acontecendo, ultrapassaremos a Grécia com a direita pela direita, manobra suicida que devemos impedir a todo o custo.