quarta-feira, 1 de abril de 2015

Os signatários e o seu pólo

Os signatários (aqui) estão indignados - o que é natural. Constatam que a degradação social é preocupante e que, face à austeridade imposta, “à esquerda, quando é precisa convergência, acentuam-se as dissensões”. Os signatários “ouvem vozes de conformismo” e quando é preciso esquerda, ouvem que é a vez do centro”, mas não ouvem as lutas que diariamente se manifestam por todo o país, que vão das greves a reivindicações várias ou às manifestações de repúdio pela política de direita. Os signatários ignoram o mundo do trabalho e as suas organizações, génese da esquerda que sabem existir e sem a qual a esquerda que sugerem não passa de um bluff.

A esquerda dos signatários é uma entidade difusa transversal a bem-pensantes monologando à mesa de café.

São vários os exemplos por toda a Europa de terapias prescritas para fortalecer as esquerdas que, insensatas, engoliram o óleo de rícino que lhes causou cólicas de que ainda se queixam.

Que só a esquerda pode salvar Portugal”, dizem – e isso é mais do que evidente - mas os signatários ignoram ou esquecem o essencial: só uma política de esquerda pode salvar Portugal! Aglutinar siglas que se denominam de esquerda sem se definir a política que propõem é a morte anunciada de qualquer convergência, e que os signatários de formação académica relevante sabem ou fazem por ignorar.

 O pólo das esquerdas unidas” traz consigo uma alteração significativa: aparece pela primeira vez neste tipo de manifestos, que primam sempre por grande imaginação, o substantivo pólo.

Pretendem que o “pólo” entre no jogo eleitoral que se aproxima, e sendo o pólo um jogo de elite a que os trabalhadores não têm acesso, os signatários devem ter dificuldade em formar equipa embora não lhes faltem cavalos, mesmo de Troia.

1 comentário:

Olinda disse...

Completamente de acordo.Sô com uma polîtica de esquerda ê que podemos mudar esta situacao.Bem podem os burgueses-classe-mêdia-alta,falar em esquerda,que mais cedo,ou mais tarde,o povo vai perceber a diferenca.

Abraco