sábado, 30 de maio de 2015

Quando a contestação social alastra



DA PSIQUIATRIA POLÍTICA
Ângelo Alves – Avante, opinião

Tornou-se um lugar comum... Quando a contestação social alastra e a alternância parece ameaçada surge o «debate» da necessidade de «novos actores políticos» que «modernizem a política». Com os partidos da política de direita (PS, PSD e CDS) em claras dificuldades e as eleições à porta, eles aí estão. Entre recauchutagens de velhos projectos e partidos «novos» cheios de caras «experientes» aí estão os «últimos gritos» da política nacional, tudo com nomes «altamente». O Livre, do «novato» e «desconhecido» Rui Tavares juntou-se a Ana Drago, essa onda de frescura acabada de sair do Bloco de Esquerda, e fundam o tempo de aparecer, perdão: «tempo de avançar». Um Partido tão «novo» que abriu concurso na sua página web para candidatos. Basta aceitar as condições, pôr o nome, enviar a foto e já está! Até se pode escolher o círculo eleitoral. Moderno, sem dúvida! Tão moderno como o «junto podemos» de Joana Amaral Dias, um exemplo muito interessante de domínio da linguística ao decidir dar o nome de «juntos» a um movimento que resulta de uma divisão de anteriores projectos.

Já esse «desconhecido» da política nacional, de seu nome Marinho e Pinto, que prometeu nas eleições para o Parlamento Europeu «revolucionar a política nacional» está a cumprir a promessa. Em menos de um ano conseguiu: ser cabeça de lista do MPT; sair do Parlamento Europeu quando disse que ia cumprir o mandato até ao fim; filiar-se no MPT depois de ser eleito, desfiliar-se desse mesmo MPT, fundar o seu próprio Partido – o Partido Democrático Republicano – e suspender a primeira convenção do PDR porque entretanto surgiu uma lista alternativa que poderia ganhar as eleições internas.

Parece uma anedota, mas não é. Ao olhar para estes casos quase que nos sentimos tentados a parafrasear Marisa Matias, a deputada do Bloco de Esquerda (a «grande novidade política» do início do século) que afirma – falando sobre aquela que parece ser uma doença auto-imune de divisões em cadeia no seu Partido – que a questão é patológica, do foro psiquiátrico e não política. Mas não é. É mesmo política e ideológica. É que a novidade da política reside na sua essência, no seu conteúdo, no seu compromisso de classe e na coerência das posições que se assumem. Psiquiatria só se for pelo autismo de alguns que não percebem que as muitas manobras da «novidade» visam impedir o crescimento de reais alternativas políticas.

6 de JUNHO 2015

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Os Bombos da Festa


E foi assim: O grupo de bombos Os Charruas foi até ao Estabelecimento Prisional de Évora para apoiar o antigo primeiro-ministro José Sócrates. Não é uma crítica, longe de mim criticar Os Charruas, se não o faço em relação a outros parvos. Os Charruas e os imbecis que lá os levaram fizeram um tal chinfrim que alertaram o juiz Carlos Alexandre, que não tolera banzés e exige muito respeitinho. Para pôr todos os “charruas” em sentido o juiz mandou chamar o ex- para ser inquirido sobre as novas maroscas no caso Lena.



Se eu estivesse em Évora teria dito aos Charruas: não façam tanto barulho porque o ex- a esta hora está a estudar filosofia ou a bater a sesta, mas como lá não estive o resultado foi este. Em vez de tambores os Charruas podiam tocar pífaro ou ferrinhos, não dava tanto nas vistas, mas tambores… com um calor destes e numa autarquia CDU onde os cidadãos vivem em sossego, francamente!...


«O ex-primeiro ministro foi confrontado, em Lisboa, com "factos entretanto apurados no decurso do inquérito", confirma Procuradoria-Geral da República.»

quarta-feira, 27 de maio de 2015

VIPerinos



E foi assim: o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio (CDS-PP), ordenou um inquérito para saber se ele sabia que havia uma lista VIP. "Dos principais nomes envolvidos no caso, só o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, é ilibado de qualquer responsabilidade". O relatório critica responsáveis da Autoridade Tributária que por sua vez criticam o porteiro por ter deixado entrar o Paulo Núncio no ministério. Os inquiridores concluíram também que a empregada da limpeza tivera aulas de informática durante uma semana na Junta de Freguesia, lançando sobre ela graves suspeitas por além do mais ter sido vista a aspirar um computador e a dar lustro a um visor. Sabe-se que foram ouvidos três familiares de Paulo Núncio. A tia que andou com ele ao colo jurou pela alma de Passos, Cavaco e Portas que o Paulinho foi desde sempre uma criança cheia de predicados e que o marotinho sabia mentir com muita engenhosidade.

Mas há os estraga-festas, os desconfiados sempre dispostos a denunciar fraudes e mascambilhas.
O Sindicato desconfia do relatório das Finanças e pede demissão de Paulo Núncio.

«Trabalhadores dos Impostos dizem que relatório "não é isento" e que as conclusões são "expectáveis", já que este foi feito por uma entidade que depende do secretário de Estado e da ministra das Finanças.»

segunda-feira, 25 de maio de 2015

AS PROMESSAS DO COSTA

“As promessas só comprometem aqueles que as recebem.”

«A ninguém se obriga a que prometa, a que cumpra sim; no prometer fazemos nós, no cumprir fazem-nos fazer.»
Matias Aires
(reflexões sobre a vaidade dos homens e carta sobre a fortuna)

domingo, 24 de maio de 2015

Estes ou o outros?

«A oposição pergunta como se vai sair da atual situação. Mas nós não desejamos sair, pretendemos ficar.»
Oliveira Salazar
10 de novembro de 1946

«A – Era de Engrandecimento, - (prometida por Salazar em 1936) não pode ainda ser encerrada, e suponho que a sua prorrogação por um período de mais cinco anos permitirá definir com precisão as grandes linhas de uma obra com fulgurante projeção e que todos os portugueses de amanhã saberão julgar e agradecer com respeito.»
Santos Costa
28 de maio de 1946