domingo, 30 de agosto de 2015

DESABAFO


Encontro com frequência na blogosfera desenhos de Fernando Campos a ilustrar e dar mais sentido a textos normalmente de grande qualidade, sinal do apreço demonstrado por quem o procura, e, certamente admira. Naturalmente que a origem dos trabalhos colhidos é respeitada e sublinhados com frequência de merecidos elogios. Até aqui muito bem; acontece porém que o ‘osítiodosdesenhos’ não é o Sapo nem o Google, entidades impessoais e vorazes. O blogue onde muitos se abastecem e muitos mais usufruem da criatividade exposta tem por detrás um autor que nos proporciona a fruição de trabalhos originais e generosamente colocados à mercê de todos os que o fizerem por bem. O que me custa – e porque me havia de custar? – é não encontrar um comentário ou um simples agradecimento tal como delicadamente dirigimos à empregada da caixa no supermercado quando pagamos o que consumimos.
Vem tudo isto a propósito de um dos últimos trabalhos publicados pelo ‘fernaocampos’ acompanhado de um desabafo que me entristeceu “Ontém fiz 53 anos. Cinquenta e três. Já não tenho grande futuro.” Algum comentário ou breve conforto?... Sim, três abraços, e porque sinceros talvez satisfaçam a quem nada pede.

E depois clamamos que estamos cada vez mais isolados, queixamo-nos do feroz individualismo. É certo que não percorremos a blogosfera deixando um apontamento em cada blogue, mas também é verdade que não nos servimos tão copiosa e regularmente como no ‘ositiodosdesenhos’.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Dois mapas uma resposta

Talvez a ligação entre estes dois mapas, permita aos mais obtusos compreender as constantes agitações e agressões nos países onde os EUA não têm bases militares, e também do golpe no Paraguai, assim como algumas cedências que têm sido feitas.

Equador
Brasil
Bolívia
Uruguai
Venezuela
Argentina
Estão na mira Ianque.

ONDE NÃO HÀ BASES MILITARES DO IMPÉRIO IANQUE NÃO HÁ DEMOCRACIA

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ah, os piratas! Os piratas!


  A “toxina botulínica” esgotou
Como tranquilizante e agente moderador da
COPROLALIA


“Ah, os piratas! Os piratas!

A ânsia do ilegal unido ao feroz”

Álvaro de Campos


É certo que muitas das obscenidades mudam de força e mesmo de significado consoante o grupo social ou a região. Há palavrões corriqueiros no Norte que passam horizontalmente por todas as classes, mas no Sul fazem corar quem quer que seja; e o mesmo acontece a alguns que são correntes no Sul, mas que os nortenhos não aceitam de bom grado. A intensidade e o modo como são pronunciados podem também mudar-lhes o significado ou atenuar-lhes o sentido. Tudo isto não nos é estranho e não nos preocupa grandemente. São palavrões, obscenidades, asneiras ou asneirolas que, por vezes, até dão colorido ao discurso ou saem de jacto, quando da clássica martelada no dedo ou da canelada, e que não admitem a educadinha interjeição: “bolas!”

O que nos preocupa, sem quaisquer laivos de puritanismo, é a violência e a constância das obscenidades; por todo o país, em todas as classes, desde a média burguesiazinha parda aos mais desprotegidos, para usar a terminologia em moda, o palavrão, a propósito de tudo ou papagueado como simples desabafo, tornou-se numa constante.

Entre os sociólogos instalou-se um autêntico pandemónio e, porque não encontram resposta científica para o compulsivo chorrilho de palavrões que surgem de todos os horizontes, designam de fenómeno o acontecimento; outra corrente no campo da sociologia classifica o facto de pandemia verbal, enquanto os linguistas esfregam as mãos de contentes e enriquecem os dicionários de calão.

O novo linguajar surge-nos com nova coloração e sonoridade até então pouco usual. Um primor!

Para complicar ainda mais a compreensão do “fenómeno”, os neurologistas afirmam tratar-se de uma vertente do Síndrome de Tourette: a “Coprolalia”, tendência patológica compulsiva para proferir obscenidades, enfermidade totalmente incontrolável porque desinibidora, sendo que esta tendência abrange todas as palavras e frases consideradas culturalmente tabus ou inapropriadas socialmente.

O governo está atento e preocupado; os governos estão sempre atentos e preocupados, não é novidade para ninguém. Assim, uma vez diagnosticado o mal e encomendadas doses massivas de “toxina botulínica” que é injetada nas cordas vocais, o que noutros países tem surtido algum efeito, para nós, portugueses, cada picadela era um estímulo para novos palavrões.

As dificuldades aumentam de intensidade e o mal-estar social agrava-se; segundo os especialistas – os especialistas bem pagos têm uma linguagem académica – há uma relação direta entre a injustiça social e as obscenidades e, bem entendido, quando os analistas nos aparecem na televisão fazendo-nos crer que vivemos no melhor dos mundos, são apodados de tudo e mais alguma coisa, sobrando ainda o suficiente para os governantes, ex-governantes e outros pilantras.

Quando o Costa nos surge qual querubim escondendo o ferrete Bilderberg ou quando Passos tira o Portas da cartola e ambos encenam mais uma farsa, quando fecham escolas e o Serviço Nacional de Saúde se degrada, quando os salários minguam e sobra mês e o desemprego se torna endémico, os palavrões surgem tão vernáculos, tão compulsivos e com tamanha intensidade, traduzidos até em linguagem gestual, com raízes nas Caldas e em Bordalo Pinheiro, que o próprio Albino Forjaz de Sampaio, de quem tanto se falou, deixou de ser referência na matéria, e porque ainda não perdemos a criatividade, mil novos palavrões foram inventados, tão agressivos que os não devo transcrever.

PS/PSD/CDS saquearam-nos todo o património e, de futuro empenhado e escassos meios de sobrevivência, a inflação de palavrões tem sido tal que se elevou a insulto.

Dia 4 de Outubro com a simplicidade dos íntegros, lá estaremos sem palavrões, firmes e conscientes.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

E O RESTO?


E O RESTO?




Não basta dar vivas à República senhor Costa
E as alterações às leis laborais?


Para os que ignoram ou para os cabeçudos que se recusam a reconhecer para quem o PS tem trabalhado (ler aqui) o que foi dito e escrito em junho de 1998 quando o PS era governo e, como desde sempre tem feito, escancarava as portas ao PSD e CDS.

“O Governo PS «pretende alterar radicalmente importantes leis do trabalho e o sistema de Segurança Social», para «corresponder às imposições da Moeda Única, de uma nova flexibilização do mercado da força de trabalho» e, em particular, para «facilitar a contenção ou até redução do nível salarial dos trabalhadores portugueses» – factor que é identificado (no estudo encomendado pelo Ministério das Finanças à Universidade Nova sobre os impactos do Euro) como a principal variável de ajustamento da economia portuguesa no quadro apertado da União Económica e Monetária.”

Lay-off premiado
Como terceira peça gravosa, com sentido preciso para ajudar a descapitalizar a Segurança Social em benefício do patronato, mesmo nas situações de má gestão, o Governo, em caso de aplicação do lay-off, quer pôr a Segurança Social a pagar 70 por cento dos salários e baixar a percentagem a pagar pelas empresas.
Este fio condutor de descapitalização da Segurança Social está também vertido na proposta do trabalho a tempo parcial e no novo conceito de retribuição. Só com uma diferença: os trabalhadores descontariam menos, logo teriam menos direitos; os patrões também descontariam menos, mas teriam mais benefícios.
Para diluir a crueza destas propostas, o Governo recorreu, para além de duas diretivas comunitárias, a medidas de acentuação das sanções e de proteção mínima das grávidas, menores e deficientes na adaptabilidade do horário de trabalho.


«Avante!» Nº 1279 - 4.Junho.98