quarta-feira, 29 de março de 2017

Um símbolo inegável

Foram os reis e os guerreiros os primeiros a serem imortalizados em túmulos ricamente esculpidos, mais tarde os senhores do conhecimento tomaram-lhes o lugar, hoje, condições excecionais têm permitido a que indivíduos vindos de extratos sociais baixíssimos sejam também consagrados como símbolos do povo a que pertencem.
Os méritos que os guindaram a tão alta dignificação serão sempre discutíveis, não se ignorando no entanto o aproveitamento político subjacente a tão importantes decisões, tal como aconteceu com Sá Carneiro que foi um político meteórico, não deixou qualquer obra relevante e no entanto não se conhecem alarmismos quanto à designação do seu nome para o aeroporto de Pedras Rubras.

Para ser mais contundente, direi que a intelectualidade se sente ultrapassada, que aos poucos os “sábios”, os bem-falantes que até então se têm homenageado entre si, sentem-se como que humilhados por verem o seu espaço ocupado, mas se questionarem o povo, se a Amália ou o Eusébio estão deslocados no Panteão, a “ralé” nada terá a opor, até porque se crê representada. É gente que trabalhou e tem um pouco do que todos nós somos.

Mesmo que não queiram, sub-repticiamente tudo está a mudar, aceitem também mais esta mudança.


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